domingo, janeiro 06, 2008

Federação Putin

O processo de transição pós-comunista na Rússia, na sequência da desagregação da União Soviética e do final da guerra fria, tem-se revelado difícil, tal como difícil tem sido a adaptação a uma nova realidade, já não de superpotência na liderança mundial, mas de potência regional, com peso substancial no contexto global, embora com influência reduzida, limitando-se a ter influência em países que tem um certo cordão umbilical à Mãe Rússia.
A "democracia de gestão" de Vladimir Putin, combinando elementos democráticos e autoritários, surge como a âncora para o combate à corrupção e aos interesses instalados na era pós-Ieltsin, e para a prometida construção de estabilidade e prosperidade face a uma conjuntura sócio-económica desfavorável e a uma situação internacional volátil e em rápida mutação.
Com um passado marcado por anos de experiência profissional nos serviços secretos da antiga União Soviética, Vladimir Putin apresenta-se como um líder competente e rigoroso. Os seus colaboradores mais próximos provêm do extinto Comité para a Segurança Estatal (KGB), agora denominada Agência Federal de Segurança (FSB). As políticas de Putin na Rússia e para com o exterior têm revelado o seu carácter forte e decisivo no alcance dos objectivos a que se propôs. E isto implica, de modo alargado, estabilidade e crescimento interno e uma postura de cooperação, em termos de política externa, com base em princípios democráticos e de um estado de direito. Desde que Putin está ao leme, as suas políticas têm, contudo, assumido um cariz tendencialmente autocrático. A ilusão democrática desvaneceu-se num país onde a centralização do poder, o controlo dos media, e a manipulação de alguns processos eleitorais têm prosseguido lado a lado com a recuperação e estabilização económica e com a luta contra a corrupção, resultando num amplo apoio popular pelas políticas seguidas e demonstrando que é preferível uma Rússia autoritária a uma Rússia democrática, se isso significar estabilidade.
É engraçado de analisar o futuro da região, atendendo ao facto da Geórgia, um dos países com o tal cordão umbilical à Federação Russa, ser candidata à entrada na NATO mas ao mesmo tempo querer estreitar relações com o país de Putin.
Putin continua a sua saga com vista à afirmação da Rússia na cena Internacional e o Ocidente vê até com bons olhos uma certa aproximação à Rússia, por exemplo na luta contra o terrorismo, devido à sua larga experiência na matéria...
Veremos no que dá este saudosismo de Putin.

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