Este texto serve para exprimir a minha opinião sobre um género de póneis que me estão muito próximos. Um género de póneis que invadiu os belos prados onde viviam mui nobres montadas, misturando-se com as mesmas, devorando as pastagens sem qualquer respeito, contribuindo para o seu mau-nome.
Estou a falar dos "betos da foz"
O beto da foz pertence, na sua generalidade, à raça cada vez maior do novo-rico. Logicamente, vive obcecado pelos sinais exteriores de riqueza, tais como as marcas e os estilos.
Assim, o beto da foz adopta um estilo rebelde, centralizado no mau aspecto, mas sempre de uma forma políticamente correcta, tanto a utilizar as marcas certas, bem como a não se deixar cair no exagero de rebeldia.
Visto gostar de se movimentar em manada, gosta de se marcar como qualquer gado, com tatuagens, brincos ou piercings. O ideal será o piercing na sobrancelha e a tatuagem com o símbolo chinês. Recordo que ambos devem ser feitos com o cuidado de não ferir as susceptibilades do resto da manada.
Assumem um tom de voz que mistura o falar à porto de gunas (tribo para outro post) com um arrastar da voz que lembra alguém acabado de acordar.
Em termos de características psicológicas, é um ser curioso;
Em primeiro lugar, tenta transmitir uma atitude radical, alternativa e rebelde, apesar de ser exactamente igual à de qualquer outro beto da foz, criando assim um contrasenso interessante.
Diz-se contra a separação das classes sociais, mas acaba por ser extremamente elitista, visto que se fecha na sua própria classe.
Diz-se a favor da liberalização das drogas leves e da despenalização do aborto, apenas porque está na moda, visto nao saber fundamentar a sua posição.
São extremamente malcriados, de maneira a manterem a sua imagem de "fixe", podendo ser também devido ao marasmo de insegurança e complexos que os persegue.
Em férias, a manada move-se em bloco para os mesmos sítios, nas mesmas alturas, apesar de repetirem constantemente que estão "fartos de ver sempre o mesmo pessoal".
Justificam as suas atitudes através de algo que ainda nao consegui entender o que seria (mas eles também não) que chamam de "espírito". Assim, todas as suas ideias, por mais descabidas que sejam, têm razão de ser.
Por fim, e o que mais me incomoda, mostram-se completamente indiferentes a tudo o que se afaste do seu meio, o que os obrigue a ler um jornal ou a assistir a um debate. Logo, limitam-se a lançar uma ou duas frases feitas que caiam sempre bem, isto quando não mostram o seu total desagrado por qualquer conversa ou ideia com mais corpo, regressando imediatamente ao leque de conversas que os deixe seguros.
Em conclusão, o que é mais curioso é o facto de estes chamarem a qualquer um que não tenha o carro certo, que não se vista com a roupa certa, não frequente os sitios certos, que se interesse por qualquer coisa fora das suas escolhas de "tono".
Agora, ao vermos a realidade, quem serão mesmo os "tonos"?
Acabo dizendo que não é minha tenção atacar directamente ninguém, mas apenas definir uma "tribo" que existe e que deve ser falada, tal como muitas outras. Podem dizer: "mas tu és um beto da foz!" Não. Menino da foz, tribo de que falarei noutro post...